*Com informações e imagem: CNN Brasil
O Instituto Butantan informou, nesta sexta-feira (14), que interrompeu a produção da Coronavac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, após atraso na entrega do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo fundamental para produção dos imunizantes. Na quinta-feira (13) a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que interromperá por alguns dias, na próxima semana, a produção da vacina Astrazeneca até a chegada de uma nova remessa do mesmo insumo.
Nesta sexta-feira, o Butantan entregou 1,1 milhão de doses da vacina, que já é parte do segundo contrato com o Ministério da Saúde, de mais 54 milhões de doses. Após isso, até o momento, não há novas previsões de entrega.
Dez mil litros do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) já estão prontos e separados na China para envio ao Brasil, o que possibilitaria a retomada da produção, mas o país asiático ainda não liberou o embarque desses insumos. Os dez mil litros de insumos que aguardam liberação correspondem a 18 milhões de doses da Coronavac, de acordo com o governo de São Paulo.
A Fiocruz não informou se essa interrupção causará algum impacto nas próximas entregas das doses do imunizante ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, mas disse que, a princípio, o cronograma de entregas permanece semanal – sempre às sextas-feiras.
Nesta sexta (14), a Fiocruz entrega mais 4,1 milhões de doses da vacina ao PNI, totalizando 34,3 milhões de doses disponibilizadas ao Ministério da Saúde.
Nesta semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) atribuiu o atraso na chegada dos insumos a “entraves diplomáticos”.
Na coletiva de imprensa desta sexta, Doria repetiu as críticas ao governo federal e fez um apelo aos chineses pela liberação de novos insumos.
“Temos um entrave diplomático fruto de declarações desastrosas do governo federal e isso gerou um bloqueio no embarque desses insumos. É muito ruim quando um presidente da República agride um país. A má notícia é que a partir de agora o Instituto Butantan não pode processar novas vacinas”, disse Doria.
Nesta quarta, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já havia rebatido as falas do governador paulista ao afirmar que “não há entrave diplomático”. Procurado pela CNN, o Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, que a pasta mantém tratativas com a China e “acompanha permanentemente o processo de autorização de exportação de IFAs, inclusive por meio da Embaixada do Brasil em Pequim”.
Segundo a pasta, as “autoridades chinesas comprometeram-se a fazer todo o possível para cooperar com o Brasil no combate à pandemia de Covid-19 e reiteraram que eventuais atrasos não são intencionais, dado que a China está exportando IFAs para diversos países”, o que tem gerado sobrecarga tanto na fabricação de vacinas e insumos quanto nos trâmites burocráticos necessários para liberação.